Notícia
Notícia
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, por meio da Subprocuradoria-geral de Justiça de Assuntos Criminais e de Direitos Humanos, e a Polícia Civil, por meio da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), realizam a operação Senones, nesta sexta-feira (27/07), para cumprir mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão contra o prefeito de Japeri, Carlos Moraes Costa, o presidente da Câmara de Vereadores, Wesley George de Oliveira, e o vereador Claudio José da Silva. Os três, ao lado de Jenifer Aparecida Kaizer de Matos, foram denunciados pelo MPRJ à Justiça por associação para o tráfico de drogas. A operação teve por base as investigações da Polícia Civil, do Grupo de Atribuição Originária em Matéria Criminal (GAOCRIM/MPRJ) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ). A ação contou com apoio da Coordenadoria de Inteligência da Polícia Militar.
Paralelamente, estão sendo cumpridos mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão contra 37 traficantes denunciados por integrarem a mesma facção criminosa que controla a venda de drogas em diversas favelas de Japeri, na Baixada Fluminense, sob a liderança de Breno de Souza, o BR, preso na semana passada em operação do GAECO/MPRJ com a Polícia Militar.
O MPRJ também obteve junto ao Judiciário a suspensão do exercício da função pública do prefeito e dos dois vereadores. A denúncia narra que o prefeito e os vereadores integravam o núcleo político da organização criminosa que domina o tráfico de drogas no Complexo do Guandu, em Japeri. A denúncia aponta que eles se aproveitavam do peso e prestígio de seus cargos para atuar em favor dos interesses criminosos dos traficantes de drogas, em especial do traficante Breno de Souza.
A investigação apurou que os políticos valiam-se de seus mandatos para repassar informações privilegiadas e para articular ações integradas que permitissem ao bando desenvolver livremente suas atividades ilícitas. A denúncia descreve que o uso do prestígio político deles não se limitava à prática de atos de persuasão junto a outras autoridades, tendo sido detectados indícios de fraudes em licitações e desvios de dinheiro público em favor dos interesses da organização criminosa.
Segundo a denúncia, o prefeito de Japeri, Carlos Costa, foi flagrado em diálogos explícitos com Breno de Souza, que demonstram o seu profundo comprometimento com a defesa dos interesses da organização criminosa, e que na qualidade de Prefeito, diz que não mediria esforços para evitar que a mesma sofresse qualquer prejuízo.
As escutas autorizadas pela Justiça apuraram episódios em que Breno de Souza ligou para o prefeito e para outras pessoas influentes do município a fim de interromper uma operação policial para impedir a realização de um baile funk promovido pelos traficantes da localidade. O vereador Claudio José, o Cacau, também ligou para o traficante se prontificando a ajudar a encontrar uma solução para a intervenção policial na comunidade. O prefeito retornou o contato telefônico com Breno para dizer que estava empenhado em atender a demanda de Breno e para passar informações privilegiadas sobre outra operação policial na comunidade. Disse ainda que, em companhia do vereador Wesley George, o Miga, iria procurar o comando do 24º BPM para “alinhar” com o mesmo.
A denunciada Jenifer Aparecida, por sua vez, apesar de não possuir nenhum cargo público, tinha papel o estratégico de ser o elo entre os políticos e os traficantes.
“Conclui-se com facilidade, portanto, que se de um lado os ora denunciados usam seus cargos públicos para atender aos interesses da organização criminosa, de outra banda, se beneficiam politicamente na medida em que constroem um verdadeiro “curral eleitoral”, absolutamente imune à ação de adversários políticos, eis que ninguém ousa desafiar o poderio bélico estruturado na forma de aparato de guerra disponibilizado pelo tráfico local”, diz trecho da denúncia.
Em relação aos 37 traficantes denunciados por integrarem a organização liderada por Breno de Souza, a investigação apurou que além de controlar a distribuição de drogas na região – praticando diversos outros crimes para afirmar o controle territorial, como homicídios, roubos, extorsões -, os criminosos mantinham sociedade com os operadores de um areal clandestino no interior do Complexo do Guandu. Nos diálogos judicialmente interceptados, fala-se que o lucro mensal do tráfico com essa atividade chegaria a R$ 100 mil.
As diligências nesta sexta-feira irão cumprir mandados de busca e apreensão nas residências de 33 denunciados, assim como nos endereços e celas de quatro alvos já presos.
(Dados coletados diariamente)