Notícia
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O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e a 58º DP (Posse) deflagraram, na manhã desta sexta-feira (07/10), a Operação Boi da Cara Preta. A ação cumpriu mandados de prisão preventiva contra quatro policiais militares e um civil e contra 19 pessoas envolvidas com o tráfico de drogas em Nova Iguaçu, Mesquita e região. Todos os alvos foram denunciados pelo GAECO junto à 2ª Vara Criminal de Nova Iguaçu. A ação contou com o apoio da Corregedoria da Polícia Civil (COINPOL), do Departamento Geral de Polícia da Baixada (DGPB), do Departamento Geral de Polícia Especializada (DPGE) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE).
A operação visa desarticular a quadrilha que atua na comunidade do Buraco do Boi, em Nova Iguaçu. Segundo as investigações, as comunidades de Aymoré, Inferninho e Três Campos são subordinadas e abastecidas pela facção criminosa que orienta o negócio diretamente dos complexos de Parada de Lucas e Vigário Geral, onde residem os líderes da facção. O lucro obtido pela venda de drogas é remetido para essas comunidades na capital.
A operação da quadrilha e a participação dos policiais ficaram comprovadas no inquérito conduzido pela polícia, que utilizou interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça. De acordo com a denúncia apresentada pelo GAECO, os policiais recebiam dinheiro para não combater o tráfico de drogas na região. Os agentes também forneciam informações privilegiadas sobre operações programadas.
Foram presos os policiais militares lotados no 20º BPM (Mesquita) Fernando Rodrigues Machado, Leandro Fernandes da Silva (vulgo Peter) e o policial civil, Vitor da Silva Gonçalves, lotado na 56ª DP (Comendador Soares). O PM Leonardo Souza Moreira (Trakinas ou Leo da Doze) já estava preso e Luciano de Andrade Lial (Ciborg) encontra-se foragido. Ao longo das investigações, outras 15 pessoas foram presas. Segundo o delegado Paulo Roberto Freitas, titular da 58ª DP, a investigação vai continuar e deverá identificar outros policiais envolvidos.
A investigação apontou, ainda, que o líder da quadrilha é Alvaro Malaquias Santa Rosa (vulgo Peixão) e Jorge Diego Cardozo Martins, homem de confiança e líder nas comunidades do Buraco do Boi e Aymoré. Outra liderança identificada é Rodrigo Ribeiro da Silva, com influência tanto em Vigário Geral, como também nas comunidades do Inferninho e Três Campos. Entre os demais denunciados estão gerentes, auxiliares, entre outros.
Foram identificadas 10 crianças e adolescentes que atuavam como vapores, olheiros e sintonias (os últimos, responsáveis pelo contato com policiais para pagamento de propina). O MP, por meio da Promotoria de Justiça da Infância e da Juventude de Nova Iguaçu, encaminhou à Justiça uma representação socioeducativa pela prática de fatos análogos a associação para o tráfico de drogas e corrupção ativa. Também foi deferida a apreensão dos jovens e a decretação da internação provisória.
Conduta dos policiais
A denúncia aponta que o traficantes realizavam um pagamento semanal aos PMs, às sextas-feiras, sábados e domingos e para o policial civil, às terças-feiras. A entrega da propina era feita no interior da comunidade, em postos de gasolina ou dentro dos próprios DPOs para posterior repartição entre os policiais envolvidos. Os valores chegavam a R$ 70 mil. Os DPO´s recebiam R$ 9 mil por semana, em parcelas de R$ 3 mil cada sexta, sábado e domingo. Cada equipe do GAT recebia R$ 5 mil por semana e a P2 recebia R$ 3 mil por semana. Já o policial civil recebia R$ 3 mil por semana, segundo as investigações.
De acordo com o promotor de Justiça Fábio Corrêa, os policiais militares e o civil vão responder pelos crimes de organização criminosa. Será extraída cópia da denúncia a ser remetida para a Promotoria de Justiça de Auditoria Militar que deverá apurar o crime de corrupção passiva dos PMs. O policial civil vai responder na Justiça pelo crime de corrupção passiva e os traficantes por associação para o tráfico e corrupção ativa.
(Dados coletados diariamente)