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O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), celebrou nesta segunda-feira (23/11) o Dia Mundial da Infância, convidando jovens e adolescentes para discutirem sobre questões importantes que impactam suas vidas, apresentarem desafios e também falarem de suas potências. O evento foi realizado por meio de vídeoconferência, com transmissão aberta ao público.
O subprocurador-geral de Justiça de Assuntos Criminais e Direitos Humanos, Ricardo Ribeiro Martins, abriu o evento destacando a importância de oferecer mais assistência, oportunidades e garantia de direitos para as crianças e adolescentes. "Quisera eu poder comemorar grandes progressos, índices cada vez mais positivos em prol das crianças, porque a gente sabe que isso vai refletir amanhã no esvaziamento das cadeias, na diminuição da violência e de outros problemas. Mas para isso temos muito o que fazer e um encontro como este é uma maneira de organizar melhor esse movimento, para que possamos nos conscientizar mais ainda da necessidade de uma atuação efetiva do Estado na proteção da criança e do adolescente", comentou Ricardo Ribeiro.
A coordenadora do Unicef no Rio de Janeiro, Luciana Phebo, lembrou que nos últimos quatro anos a Unicef celebra a data junto com o MPRJ, valorizando desde o início a real participação e o engajamento das crianças e jovens nos espaços formais de tomada de decisão. A assessora de Direitos Humanos e Minorias do MPRJ, promotora de Justiça Eliane de Lima Ribeiro, acrescentou que o objetivo é proporcionar participação efetiva, abrindo os espaços para que os jovens sejam ouvidos e as discussões possam ocorrer a partir desse diálogo.
Jovens e adolescentes conduzem o diálogo
Antes de passar a palavra aos jovens e adolescentes, o coordenador da Agência Redes para Juventude, Marcus Faustini, pontuou que a melhoria de uma cidade passa pela melhoria da qualidade de vida das crianças e dos jovens. E ressaltou que as instituições precisam estar abertas para eles: "É hora de ousarmos e buscarmos que essa escuta não aconteça apenas em eventos, em momentos especiais, mas que seja praticada cotidianamente e radicalizada a partir dos territórios. A juventude tem potência, tem soluções porque conhece o território, sabe o que acontece, é capaz de ser uma liderança na transformação, na garantia de direitos, na luta", avaliou.
Após a abertura, chegou a vez de os próprios jovens e adolescentes definirem as pautas do dia e contarem sobre suas vivências. Morador do Complexo da Penha, Rafael Barbosa, que dá aulas de dança, iniciou apresentando um mural com jovens negros que tiveram suas vidas interrompidas por 'balas perdidas' este ano, comentando como cada um desses casos impactam suas vidas. Ele exemplificou a realidade absurda: "Eu fui parar para pensar e percebi que das pessoas que estudaram comigo no nono ano, metade da turma não está mais viva". Positivamente, Rafael ressaltou que percebe um aumento muito grande do ativismo de jovens negros e que esse movimento foi potencializado com a pandemia.
Em seguida, Lays dos Santos, estudante de Serviço Social que trabalha na ADHM/MPRJ ressaltou a necessidade de aprofundar o olhar sobre a saúde mental da população negra, que convive com situações como ter medo de utilizar máscara à noite - por receio de ser enxergado como criminoso. Ela terminou a fala convidando instituições a pensar em metodologias de inclusão e de construção de narrativas para crianças e adolescentes negras. "É muito importante hoje a gente participar desta live em que o subprocurador-geral de Justiça é uma pessoa negra, a promotora de Justiça é uma mulher negra. Essa representação é muito importante para nós", comentou Lays.
Bárbara Tavares, que também integra a Plataforma Centros Urbanos da Unicef, avançou sobre a temática dos cuidados necessários com relação à saúde mental dos jovens, destacando que as dificuldades já presentes em suas vidas foram ainda mais potencializadas durante a pandemia. Diante disso, lembrou que é necessário ampliar os cuidados.
Por fim, Vitória Oliveira fez uma reflexão sobre a importância de os jovens serem ouvidos e participarem dos espaços onde são tomadas as decisões que impactam a vida de todos. Alertou, entretanto, que em sua visão uma verdadeira transformação depende principalmente da mudança de atitude e da conscientização das pessoas que ocupam hoje essas posições mais privilegiadas no Estado.
Ao fim das falas, a promotora de Justiça Roberta Rosa Ribeiro, assistente da ADHM/MPRJ, mediou uma roda de conversa com os quatro jovens, para que eles aprofundassem o debate sobre questões que trazem grande impacto em suas vidas. Todo o diálogo foi gravado e pode ser assistido no canal do IERBB/MPRJ no Youtube.
Por MPRJ
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