Notícia
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O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ), em parceria com a Corregedoria da Policia Militar e a Polícia Federal, realizou, nesta quinta-feira (15/08), operações para combater o crime organizado no Estado. As diligências ocorreram simultaneamente a outros oito estados da federação que participam de uma ação nacional articulada pelo Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNCOC) – colegiado que reúne os Gaecos de todo o país.
No Rio, a Operação Sertão Carioca cumpriu 42 mandados de busca e apreensão nas residências e armários de policiais militares, muitos lotados à época dos fatos investigados, no 9º BPM (Rocha Miranda). Também foram cumpridos mandados de prisão contra sete traficantes que atuavam em comunidades do Complexo de Madureira. Os militares, dentre eles sete oficiais da Policia Militar, estruturaram associação criminosa que recebia pagamentos dos traficantes para que não impedissem a atuação do tráfico de drogas na localidade, bem como passavam informações sobre a movimentação policial e operações policiais futuras.
Sobre os policiais denunciados
Durante a investigação conduzida pela Corregedoria da Polícia Militar e o GAECO/MPRJ, através de interceptações telefônicas, em diversas fases, foi possível apurar inúmeras negociações criminosas envolvendo os NOVE policiais denunciados. Em troca de vantagens indevidas, eles deixavam de combater o tráfico de entorpecentes armado a ainda negociavam o repasse de informações sobre eventuais incursões policiais, com o intuito de viabilizar o tráfico de drogas sem a interferência do Estado. A investigação prosseguirá em relação aos demais policiais.
A associação criminosa era formada por alguns oficiais da Polícia Militar, parte deles integravam o Estado Maior da unidade, o que demonstra o prejuízo à segurança pública da área de atribuição do Batalhão, bem como dano à reputação do policial militar. Entre os principais responsáveis pelo funcionamento da organização criminosa estão os policiais Flávio Fagundes Padiglione, a tenente Adriana da Silva Góes Vista e o major Rodrigo Lavandeira Pereira.
Diante dos fatos, foram denunciados por associação criminosa e crime de corrupção passiva. O policial Militar Padiglione também vai responder por associação para o tráfico. O Juízo da Auditoria Militar recebeu a denúncia e deferiu o afastamento dos policiais militares de suas funções.
Traficantes denunciados
Em relação aos traficantes, o MPRJ e a Polícia Federal identificaram uma organização criminosa formada para traficar drogas nas Comunidades da Serrinha, Fazendinha, São José da Pedra e Patotinha. Eles integram a facção Terceiro Comando Puro. A investigação identificou a comercialização de grande quantidade de drogas e de armas, disputas por poder territorial e corrupção de policiais para garantir o funcionamento das “bocas de fumo”, sempre em troca de grandes quantias de dinheiro.
Note-se que foram captados diálogos sobre homicídios contra indivíduos que, de algum modo, atrapalhavam as atividades da associação criminosa, crimes estes que efetivamente ocorreram, o que demonstra a periculosidade dos denunciados.
Entre os denunciados está Wallace de Britto Trindade, vulgo Lacoste, chefe da facção criminosa e que coordenava toda a atividade criminosa do grupo. Leonardo da Costa, vulgo Leo 22, era o braço direito dele.
A denúncia foi recebida pelo Juízo da 2ª Vara Criminal de Madureira, que também decretou a prisão preventiva dos denunciados.
Operação Smurfing
Ainda nesta quinta-feira, o GAECO/MPRJ realizou a Operação Smurfing, para prender seis acusados de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas. Os denunciados atuavam como “laranjas”, emprestando seus nomes e contas bancárias para ocultar o dinheiro ilícito do tráfico de integrantes da facção Comando Vermelho.
No total, os seis denunciados receberam 3.357 depósitos em dinheiro em suas contas pessoais, no curto período de um ano e 11 meses. O valor das movimentações nesse período supera R$ 1 milhão. De acordo com o GAECO/MPRJ, a origem absolutamente difusa dos depósitos - oriundos de dezenas de municípios fluminense - demonstra que a ocultação se dava em benefício de toda a organização criminosa e não em benefício de pessoa específica.
Durante a investigação, o MPRJ obteve na Justiça a quebra de sigilos bancário e fiscal dos denunciados. Os dados fiscais foram encaminhados à Divisão de Laboratório de Combate à Lavagem de Dinheiro e Corrupção (DLAB/MPRJ), que elaborou relatório de análise bancária em que fica evidenciado o envolvimento dos denunciados com a prática de crimes.
A ocultação do dinheiro oriundo da facção criminosa Comando Vermelho ocorria por meio do recebimento de depósitos de pequenos valores em suas contas, com a finalidade de ludibriar o controle administrativo (prática de lavagem de dinheiro conhecida como “SMURFING”). Em seguida, realizavam, sob as determinações dos líderes da organização criminosa, saques dos valores recebidos ou transferências para pessoas ligadas à associação criminosa.
Na data de hoje, estão sendo cumpridos mandados de prisão e busca e apreensão nas cidades do Rio de Janeiro, Niterói, Nova Iguaçu, Cabo Frio, Três Rios e Petrolina/PE, o que demonstra o caráter nacional da facção criminosa.
Todos foram denunciados por associação para o tráfico e lavagem de dinheiro. O processo tramita perante a 2ª Vara Criminal da comarca de Valença.
Até o início da tarde, foram presas 5 pessoas, quatro delas com mandados de prisão, um deles cumprido em Pernambuco. Um homem foi preso em flagrante pela Polícia nas comunidades da Serrinha, com uma arma.
(Dados coletados diariamente)