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O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Centro de Pesquisas do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (CENPE/MPRJ), promoveu, nesta segunda-feira (27/05), a palestra “Organização dos Grupos Criminosos em Medellín: uma análise sob a ótica empresarial”. A apresentação foi feita pelo economista colombiano Santiago Tobón, especialista em economia do crime, violência e políticas públicas em países em desenvolvimento, que ao lado de outros três especialistas estudou por mais de dois anos a estrutura econômica do crime organizado na segunda maior cidade colombiana.
A pesquisa em desenvolvimento por Santiago analisa a estrutura dos grupos criminosos sob a ótica empresarial, da economia política e das finanças públicas. Medellín pode ser vista como um modelo no combate ao crime por conta da vertiginosa quedas nos índices. Para se ter uma ideia, a cidade chegou ao limite de registrar em 1991 uma taxa de homicídios de 380 para cada 100 mil habitantes, mas conseguiu reduzir para atuais 26 a cada 100 mil. A título de informação, o Rio de Janeiro anotou em 2018 a taxa de 30 homicídios para cada 100 mil habitantes.
O procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, comentou que conhecer os detalhes da realidade em Medellín, que compartilha muita similaridades com o Rio, nos ajuda a entender e a pensar em estratégias para mudar a situação aqui.
“A sua vinda aqui com esse olhar científico, com esse modelo já exitoso traz para nós uma grande esperança de que através da ciência e da interlocução poderemos buscar dias melhores. A criminalidade no Rio aflige a todos nós, mas tenho certeza que vamos mudar essa realidade através de metodologia e ciência”, disse Gussem, destacando que a mesa do evento representa o esforço de modernização do MPRJ, uma vez que reunia a coordenação do CAO Criminal/MPRJ (promotora de Justiça Somaine Cerruti) e as chefias do IEP/MPRJ (promotor de Justiça Leandro Navega) e do CENPE/MPRJ (Joana Monteiro): “Duas estruturas (IEP/MPRJ e CENPE/MPRJ) extremamente novas da instituição, que nos ajudam a enxergar e a integrar o Ministério Público. Trabalhávamos como ilhas independentes e essas estruturas tem ajudado sobremaneira na interlocução entre todas as áreas”.
Santiago destrinchou como funcionam as relações de trabalho, a remuneração dos integrantes, quais são as fontes de renda das organizações, como facções e grupos menores se integram, a governança do crime e também hipóteses para a queda dos homicídios. Semelhante ao Rio, durante a palestra Santiago explicou que o centro urbano de Medellín é dotado de forte presença do estado e de serviços públicos, o que não ocorre em certas áreas da periferia, onde os grupos criminosos exercem forte controle.
Uma das estratégias para sufocar a presença dos grupos, contou Santiago, foi aumentar a oferta de políticas públicas inovadoras e programas sociais em áreas desassistidas, aumentando a governança do Estado em detrimento dos grupos organizados.
Ao fim da palestra, Santiago respondeu a diversas perguntas feitas por membros, pesquisadores e autoridades de segurança presentes.
(Dados coletados diariamente)