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O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Instituto de Educação e Pesquisa (IEP/MPRJ) e em parceria com o Centro de Referência em Inteligência Empresarial da Coppe/UFRJ (CRIE), sediou nesta quarta-feira (07/11) o segundo dia e último dia do II Simpósio Internacional Network Science, no auditório principal da instituição. A realização do encontro denota a importância dada pela atual administração em discutir novas formas de utilização de dados que tragam maior transparência e efetividade à atuação do MPRJ, abrindo canais de discussão que beneficiem a sociedade.
Abrindo o evento na parte da manhã, a diretora de Comunicação da Global Health Strategies, consultoria da Fundação Bill & Melinda Gates no Brasil, Maria Paola de Salvo, iniciou a conferência “Pesquisa em Ciência de Dados: a Experiência do Grand Challenges Explorations” destacando a importância de que a inteligência de dados seja usada para salvar vidas. “Nós sabemos hoje mais sobre turbinas de aviões do que sobre o desenvolvimento de nossas crianças, os seus primeiros mil dias de vida. E lembro que esta fase da vida de uma pessoa determina, em 80% dos casos, o adulto que essa criança vai ser”, afirmou.
Ainda de acordo com Maria Paola, políticas pautadas pela ciência de dados são muito mais robustas do que aquelas tomadas sem o auxílio da tecnologia. Por isso, a Fundação Bill & Melinda Gates tem investido em projetos como o “Grand Challenges Explorations” (GCE), que estimula pesquisadores de todo o mundo a desenvolverem soluções para os problemas que enfrentamos. “Saúde, agricultura e desenvolvimento são os focos de atuação do projeto. O foco se dá no problema, com solução inovadora, escalável, de impacto e abrangente. Já recebemos mais de mil propostas desde 2007 e desenvolvemos projetos como, por exemplo, um modelo de autópsia delivery menos invasiva e um aparelho de baixo custo e não invasivo para medir a idade gestacional do recém-nascido com luz de LED. Nosso foco é orientar políticas públicas e produzir conhecimento para gerar mudanças de fato”, destacou.
Biólogo e coordenador do Programa de Pesquisa em Saúde do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Guilherme Galvarros Bueno também falou da importância do apoio de fontes externas para a produção de pesquisas que gerem desenvolvimento para o país. “Hoje o CNPq não trabalha a ciência de dados como uma área específica do conhecimento e sim como transversal, porque ela pode auxiliar em diferentes áreas de atuação. E com o ‘Grand Challenges Explorations Brazil’ nós podemos buscar soluções imediatas para problemas internos na área de saúde, já que o CNPq tem uma metodologia mais tradicional enquanto a Fundação Bill Gates usa uma metodologia mais inovadora e possui volume maior de recursos para investir”, elaborou.
“Precisamos evoluir em nossas barreiras administrativas”
Guilherme aproveitou para elogiar a ideia do investimento em ciência de dados. “O foco da Fundação Bill Gates é a ideia, ela trata os recursos para ciência como investimento. Mesmo que o projeto não vá para frente existe o investimento no conceito, que pode vir a auxiliar a comunidade um dia. Precisamos, a partir desta experiência do GCE, evoluir nas nossas barreiras administrativas. Temos hoje, por exemplo, uma Chamada Nacional de Data Science em andamento. E essa chamada possibilitou a primeira brecha para a realização do programa ‘Ciência aberta’ do CNPq”, afirmou.
Presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC), José Alberto Sampaio Aranha falou sobre o tema “Como Anda o Desenvolvimento da Inovação nos Parques Tecnológicos Brasileiros?”. Segundo ele, a produção de conhecimento fora das grandes empresas é um fato que não pode passar despercebido na sociedade brasileira. “Nós temos hoje 400 associados e cerca de 10 mil startups. O que está se criando entre os jovens é uma coisa muito forte. As grandes empresas do mundo estão morrendo cada vez mais. Elas estão sofrendo muito pela questão da inovação. Novas empresas estão assumindo essa posição de maneira muito rápida. E as políticas públicas estão preocupadas com o fato de o que fazer para que as grandes empresas possam competir com as startups”, destacou.
O presidente da ANPROTEC alertou para a necessidade de reconhecimento da existência de uma comunidade internacional, em que a troca entre pessoas de diferentes lugares gera coisas novas. “O futuro é isso. A escola deve começar a fazer as pessoas desenvolverem seus mundos reais. Esta é a nova realidade. Estamos tentando fazer uma rede de criadores de startups, desenvolvendo o Centro Internacional de Negócios de Inovação, no Rio, que vai reunir as cerca de 10 mil startups nacionais. Uma das metas é colocar estes empreendedores conectados com o restante do mundo através da Infovia, que é o caminho para fazer com que as coisas aconteçam de maneira mais rápida e eficiente. Deixa a garotada sonhar porque eles sabem o que precisam fazer”, disse.
Ciência de dados para combater as fake news
Sócio-fundador da empresa de Data Science Twist, Fernando Ferreira falou sobre o tema “Data Science em Humanidades Digitais”. “Vivemos em um mundo mais expansivo, com mais dados originados. Precisamos entender quais são as tendências atuais. Como apoiar o jornalismo através de dados, para combater as fake news, como achar influenciadores dentro das comunidades, quem as pessoas escutam, como mensurar o sentimento das pessoas de maneira automatizável sem perder a sensibilidade? Estes são os desafios que enfrentamos”, lembrou.
Último a participar na parte da manhã, através de teleconferência, o doutor em Psicologia Social e Organizacional pela Universidade Columbia, Ed Hoffman, falou sobre “Inovação e Conhecimento: Estratégias Para a Busca da Competitividade” e reforçou a importância do trabalho em equipe. “Pessoas e organizações precisam achar analogia entre as coisas que fazem para criar e compartilhar os conhecimentos e responder ao tipo de mudança que vivenciamos hoje. Pessoas espertas compartilham histórias juntas, conversam sobre casos de sucesso e essas conversas são importantes em diferentes aspectos”, declarou.
Ed Hoffman lembrou que é necessário entender as redes de trabalho existentes nas organizações para identificar as oportunidades de desenvolver conhecimento. “As organizações estão avançando agressivamente em busca de inteligência artificial e novas tecnologias. Existem organizações que conseguem ter muito sucesso naquilo que fazem e essas se asseguram que o talento do seu pessoal pode ajudá-las a longo prazo, ou seja, as melhores aprendem e se desenvolvem em torno da capacidade dos seus profissionais. Elas têm líderes ativos, projetos exitosos e desenvolvem colaboração com outros atores”, finalizou.
No turno da tarde, foi promovido o painel IV “A Complexidade das Redes e a Competitividade nas plataformas”. O palestrante Giuseppe Cocco, da ECO e IBICT/UFRJ, detalhou sobre as plataformas do capitalismo e o mundo do algoritmo do conhecimento. Ele discutiu dois conceitos: capitalismo cognitivo e sociedade pólen, e o vetorialismo, proposta que diz que não estamos mais em um modo de produção capitalista, mas em um modo de produção vetorialista. Para Cocco, do ponto de vista das transformações, “cada vez mais se fala da emergência de algo como uma catedral computacional. Esse sistema computacional universal funciona em um jogo entre o físico e o espiritual, que é visível e invisível. E, dentro dessa dinâmica, o algoritmo funciona como Deus: está em todo lugar, mas a gente nunca o encontra direto”, explicou.
Gladstone Arantes Jr., integrante da equipe responsável pelos projetos de blockchain no BNDES, falou da eficiência no uso de recursos públicos por meio da tecnologia blockchain. O palestrante apresentou duas iniciativas que estão sendo feitas pela empresa em que trabalha. Arantes Jr. explicou que há um problema de confiança e as instituições públicas são vítimas disso, mas se existe uma tecnologia que se denomina como máquina da confiança (blockchain), é por esse caminho que o BNDES seguiu. O blockchain é um sistema transparente e público, qualquer pessoa pode verificar as movimentações registradas por ele. “O nosso sonho no final das contas é poder olhar para trás e ter orgulho de ter participado da construção disso e, quem sabe, do processo do Brasil liberando o mundo em blockchain”, concluiu.
O diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), Demi Getschko, iniciou sua apresentação fazendo um breve histórico da internet. E abordou o papel da conectividade para o compartilhamento do conhecimento científico. De acordo com Demi Getschko, existem revoluções, evoluções e coisas que voltam. “Eu acho que a gente tem uma espécie de gangorra nesta área”, enfatizou.
Em seguida, foram apresentados trabalhos em forma de artigo científico e estudo de caso. As atividades estavam relacionadas aos temas Gestão do Conhecimento e Ativos Intangíveis. No final deste último dia do simpósio, foi realizada uma conversa sobre a experiência da elaboração do Livro SINS 2017, com o relato da construção colaborativa dos alunos de doutorado e mestrado do IBICT e do CRIE.
(Dados coletados diariamente)