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MPRJ participa da 9ª Caminhada da Adoção na praia de Copacabana
Publicado em Mon May 21 15:50:28 GMT 2018 - Atualizado em Mon May 21 16:30:38 GMT 2018

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) participou, na manhã de domingo (20/05), da 9ª Caminhada da Adoção, realizada a partir do posto 6 da praia de Copacabana. O objetivo do evento é dar visibilidade à situação de crianças e adolescentes acolhidos à espera de um lar, além de reivindicar maior celeridade aos processos de adoção, por meio de reforços nas equipes técnicas das varas da Infância e Juventude.  Com a trégua da chuva que atingia a cidade desde o dia anterior, o encontro reuniu grande público e contou com a adesão de pessoas que caminhavam pela orla. Participaram autoridades, adotantes e crianças adotadas, além de representantes de órgãos e instituições públicas e da sociedade civil. O Dia Nacional da Adoção será celebrado na próxima sexta, 25 de maio.

A instituição esteve representada pelo Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça da Infância e da Juventude (CAO Infância/MPRJ - matéria não-infracional), que realiza o projeto "Quero uma Família". "Por meio deste sistema, a pessoa ou casal habilitado pelo Cadastro Nacional de Adoção (CNA) pode visualizar o perfil de crianças e adolescentes que não tiveram pretendentes que quisessem adotá-los. Estão nessa situação aqueles fora do perfil etário mais procurado, acima de 08 anos de idade, que tenham doenças crônicas ou deficiência e grupos de irmãos que não podem ser separados em razão de vínculos afetivos. É uma nova chance de serem vistos, com todo o seu potencial, para que consigam ser adotados. O 'Quero uma Família' consiste em uma ferramenta de busca ativa que, este ano, conta com nova funcionalidade: vídeos nos quais eles próprios se apresentam, em mais uma tentativa de aproximá-los de potenciais pais adotivos", explicou o promotor de Justiça Rodrigo Medina, coordenador do CAO Infância/MPRJ - matéria não-infracional.

O perfil descrito pelo promotor corresponde ao grupo de 'adoções necessárias' - um dos pontos mais sensíveis do cenário social do Brasil, que soma cerca de 8.700 crianças e adolescentes no Cadastro Nacional de Adoção, com 43.565 habilitados para efetuar a adoção. No estado do Rio, esses números são 375 e 4.105, respectivamente. "O desafio é lidar com a adoção tardia. Dados do cadastro mostram que 89% das crianças disponíveis têm mais de 8 anos, enquanto que apenas 8% dos casais habilitados aceitam essa idade - a maioria prefere as mais novas. Por isso a conta da adoção não fecha. Felizmente, campanhas vêm obtendo resultados, diminuindo preconceitos. Aos poucos, os habilitados estão mais conscientes, dispostos a adotar crianças e adolescentes fora do perfil mais buscado, de 0 a 03 anos de idade", afirmou Rodrigo Medina, que aproveitou o carro de som da caminhada para fornecer ao público informações sobre os procedimentos para habilitação à adoção e sobre o sistema do MPRJ, "Quero uma Família".

O presidente da Coordenadoria Judiciária de Articulação das Varas da Infância, da Juventude e do Idoso (CEVIJ/TJRJ), juiz Sérgio Luiz Ribeiro de Souza, também participou do evento. "O foco principal de atuação é conseguir famílias para as crianças e os adolescentes que já têm condições de serem adotados, aproximando a demanda dos pais interessados da oferta concreta disponível. Para isso, cumprem importante papel diversos projetos, como o 'Quero uma Família', do MPRJ.  Ainda este ano, a campanha da Associação dos Magistrados do Rio, chamada 'O Ideal é Real', terá lançamento nacional, com apoio do Conselho Nacional de Justiça e dos Ministérios dos Direitos Humanos e do Desenvolvimento Social. Vamos percorrer os tribunais de Justiça para conversar com juízes, promotores e defensores, traçando estratégias locais de atuação em prol da adoção", adiantou.

Entre os participantes, muitos exemplos concretos de que o amor não se resume à filiação biológica. "Estamos aqui para lutar por mais direitos e celebrar tudo que conquistamos até hoje. Sou mãe biológica de dois meninos e, por não poder ter mais filhos, decidi adotar uma filha em 2015, com três meses de idade e perfil HIV positivo. Posso garantir: é sempre o mesmo sentimento, em nada se difere. Tenho com ela um aprendizado contínuo, pleno de dedicação e identificação", descreve Virna Oliveira, coordenadora do Grupo de Apoio à Adoção Famílias Contemporâneas, em Madureira, para quem é preciso dar mais agilidade aos trâmites legais. "Faltam profissionais na Justiça e há demora nas tentativas de reinserção das crianças nas famílias biológicas. Isso, muitas vezes, permite que elas cresçam e entrem na faixa etária menos procurada para adoção, prejudicando todo o processo", lamentou.

Viviane Angeli David, autônoma, chamava a atenção de muitos participantes da caminhada, ao empurrar o carrinho da pequena Luiza, sua filha há seis meses. O descompasso visível, entre a mãe de pele branca e a bebê negra, cai por terra quando visto pelos olhos do coração. "Essa é a realização de um sonho. Minha filha trouxe vida à nossa casa". disse, apontando para a esposa, que a acompanhava no evento. O casal homoafetivo garantiu não ter sofrido preconceito ou empecilho extra quando da adoção. E representa apenas um dos múltiplos exemplos de nova configuração familiar, que não trazem qualquer novidade no campo dos votos que fazem para seus filhos. "Desejamos para a Luiza o mesmo que toda mãe espera para seu filho. Seja por inseminação, barriga de aluguel ou adoção, todas somos mães verdadeiras", apontou Viviane, que planeja, para breve, adotar mais duas crianças.

E há quem ainda esteja no meio do caminho. O empresário Rafael Pimental e a advogada Odete acabaram de receber o certificado de habilitação para adoção - apenas quatro meses após terem entrado com o pedido. "É uma sensação, um momento indescritível. Pensei de imediato: 'nossa, agora sim estou grávida, só que do coração'. É só uma questão de tempo, que pode ser de uma semana, um mês, um ano. Já estamos arrumando o quarto, com uma decoração neutra, pois sequer fizemos opção por sexo", contou, esclarecendo que o casal está disposto a adotar dois irmãos. "Tivemos duas gestações interrompidas. Minha esposa nasceu para ser mãe, e não vai ser uma simples complicação física que vai impedir que isso aconteça. Em breve, nossa família estará completa", festejou Rafael.

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