Notícia
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Publicado originalmente em 15/08/2017
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, por meio do Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (GAESP/MPRJ), denunciou, nesta sexta-feira (11/08), quatro policiais militares por envolvimento na morte de Rafael Camilo Neris, no Morro da Coroa, em Santa Teresa, na noite do dia 28 de junho de 2015. São eles: Geison Alves dos Santos, Alessandro de Souza Pimenta, Bruno Rangel Neves e Antônio Maria Ferreira, todos lotados no Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE). A denúncia foi ajuizada no 2º Tribunal do Júri da Capital.
O tenente Geison foi denunciado por homicídio duplamente qualificado e fraude processual. Também por fraude processual, foram denunciados o sargento Pimenta, o cabo Rangel e o sargento M.Ferreira, que teriam ajudado na remoção ilegal do cadáver e na apresentação de material falso na delegacia. O sargento M. Ferreira foi ainda denunciado por falso testemunho.
O GAESP/MPRJ pediu a prisão preventiva de Geison, como medida de garantia da ordem pública e por conveniência da instrução criminal. “Verificada, neste caso, a existência de robusta prova da existência e da autoria de crime considerado hediondo pela legislação penal pátria. A gravidade do delito e a elevada periculosidade do acusado são reveladas pelo modus operandi do homicídio duplamente qualificado, praticado com contornos de brutal execução”, afirma o pedido de prisão.
De acordo a denúncia, o tenente Geison atirou na vítima por motivo torpe, decorrente de atividade típica de extermínio, por acreditar que Rafael estivesse envolvido com o tráfico de entorpecentes. “O crime foi cometido com emprego de recurso que dificultou a defesa da vítima, eis que, o denunciado alvejou-a pelas costas, quando já se encontrava baleada, por quatro disparos de arma de fogo, na perna direita”, sustentam os promotores.
Na noite do crime, o tenente Geison, o sargento Pimenta e o cabo Rangel participavam de uma operação do BOPE, com apoio de veículos blindados e do Batalhão de Ações com Cães (BAC). A intenção era combater um grupo de traficantes armados que dois dias antes havia rendido e desarmado policiais lotados na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) local.
Segundo a investigação, os três seguiam à frente da patrulha, por uma viela, em direção a uma praça explorada como ponto de venda de drogas, quando foram atacados por um grupo de traficantes armados. Os PMs teriam reagido e efetuado disparos com seus fuzis.
Já cessado o confronto, numa esquina de acesso a um beco , os policiais teriam se deparado com Rafael , atingido por quatro disparos de arma de fogo. Ele se dizia trabalhador e implorava por socorro. A denúncia afirma que, ao sair do trabalho, a vítima teria ido ao Morro da Coroa visitar parentes.
Enquanto guardava a vítima, o denunciado Geison efetuou mais três disparos em suas costas, executando-a sumariamente.
Respondendo a um pedido feito por rádio, o Sargento M. Ferreira chegou ao local do homicídio, onde os quatro teriam modificado a cena do crime. Para impedir a realização da perícia, eles teriam removido o cadáver de Rafael e apresentado armamentos fraudulentamente na Delegacia de Polícia, onde fizeram o Registro de Ocorrência, em que constam uma pistola 9mm, marca não identificada, bem como munição correspondente, e material explosivo.
No curso das investigações, o sargento M.Ferreira, em sede policial, fez uma falsa afirmação ao sustentar que enfermeiro não identificado do Hospital Souza Aguiar, no atendimento a Rafael, teria encontrado um coldre – espécie de estojo onde se guardam armamentos – em suas vestes.
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