Notícia
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O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Centro de Memória Procurador de Justiça João Marcello de Araújo Júnior (CDM/MPRJ), apresenta, na 30ª edição do projeto História em Destaque, um dos itens de seu acervo histórico, o livro “O Primeiro Indígena Universitário do Brasil: Dr. José Peixoto Ypiranga dos Guaranys (1824-1873)”. A obra tem como objeto de estudo a vida de José Peixoto Ypiranga dos Guaranys, primeiro promotor de Justiça indígena do MPRJ, recria sua árvore genealógica e apresenta a ascensão e a influência da família do primeiro indígena universitário do Brasil.
O livro, escrito pelo doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Luiz Guilherme Scaldaferri Moreira, e pelo geógrafo e mestre em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Marcelo Sant’Ana Lemos, teve sua primeira edição publicada em 2023. José Ypiranga dos Guaranys nasceu em 1824 na Aldeia de São Pedro, na época em que fazia parte do município de Cabo Frio, na província do Rio de Janeiro. Em 1846, aos 22 anos, ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo, formando-se em 1850.
Na faculdade, foi colega de turma do escritor José de Alencar, com quem desenvolveu uma longa amizade. Juntos, fundaram o Instituto Literário Acadêmico, que publicou a Revista Ensaios Literários (1847-1850). Ao longo do curso, teve contato com as discussões indianistas que circulavam na época, principalmente no meio literário, que buscavam na figura do indígena um herói nacional. Foi nesse processo que ele decidiu mudar seu nome, de José Rodrigues Peixoto para José Peixoto Ypiranga dos Guaranys, reafirmando sua identidade indígena.
Entretanto, os dois sobrenomes adotados não são originários da população indígena à qual sua família pertenceu. “Ypiranga”, na verdade, faz alusão à independência do Brasil, ao “Grito do Ipiranga”. Já “Guaranys” vem do tupi e significa “guerreiro”, em consonância com a visão do indígena “herói” do século XIX. Apesar de existir a população indígena guarani, essa não estava presente na Aldeia de São Pedro, região de origem do biografado. Por último, a grafia com “Y” teve a intenção de diferenciar o português do Brasil do português de Portugal.
Depois de formado, retorna à sua cidade natal. Em janeiro de 1853 atuou como promotor Público durante o julgamento do fazendeiro Manuel da Mota Coqueiro, conhecido também como “A Fera de Macabu”. Mota Coqueiro foi acusado de mandar matar oito integrantes da mesma família de um colono de suas terras. O caso teve grande repercussão na imprensa e diversas pessoas de diferentes cidades foram até Macaé para assistir o julgamento. Ypiranga dos Guaranys chamou a atenção do júri e do público pela sua excelente oratória. Mota Coqueiro foi condenado à pena de morte em 19 de janeiro de 1853.
A imensa repercussão do caso trouxe prestígio a Ypiranga dos Guaranys, o que ajudou na sua carreira como advogado e político. Logo após o julgamento, advogou nas cidades de Cabo Frio, Macaé e Araruama. Na carreira política, foi vereador-suplente em Macaé (1861) e vereador em Cabo Frio em diferentes legislaturas (1857-1860, 1868 e 1871). Ademais, foi Inspetor paroquial de escolas em Macaé (1861-1863), Subdelegado substituto na Freguesia da Aldeia de São Pedro (1869) e Inspetor municipal de escolas em Cabo Frio (1872-1873). José Peixoto Ypiranga dos Guaranys faleceu em 1873.
Mais informações sobre a edição podem ser acessadas no AtoM pelo link: https://atom.mprj.mp.br/index.php/30a-edic-ao-livro-o-primeiro-ind-igena-universit-ario-do-brasil-dr-jos-e-peixoto-ypiranga-dos-guaranys-1824-1873
Por MPRJ
(Dados coletados diariamente)