Notícia
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O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Centro de Memória Procurador de Justiça João Marcello de Araújo Júnior (CDM/MPRJ), apresenta, na 4ª edição do Projeto História em Destaque, a máquina de escrever Remington (modelo Super Riter, 1959) que pertenceu ao procurador de Justiça Luiz Brandão Gatti, falecido em 2014.
O objeto integra o acervo doado em setembro de 2018 pelo advogado Marcelo Oliveira Câmara, amigo de Luiz Gatti, composto também por documentos imagéticos e textuais. Entre as relíquias do acervo, 34 livros encadernados com cópias dos pareceres elaborados ao longo de sua atuação ministerial entre 1960 e 1985, iniciada como Defensor Público no Estado da Guanabara. Completam o acervo documental os originais da sua obra “Jurisprudência Criminal Compilada do Informativo do STF” ( Lumen Juris,2001), com prefácio do procurador de Justiça Sergio Demoro Hamilton.
Segundo Marcelo Oliveira Câmara, foi nesta Remington que Gatti datilografou grande parte dos documentos textuais em referência. Nesse sentido, a máquina de escrever assume a dimensão de um documento dotado de representatividade e dinâmica próprias. Permite perguntas e leituras possíveis sobre as práticas e condições de trabalho, e mesmo sobre a época de sua existência e funcionalidade.
No caso de Luiz Gatti, a condição da máquina, com marcas de muito uso, mas em ótimo estado de conservação, e os documentos textuais nela produzidos ao longo de décadas, testemunham a predileção pelo uso da ferramenta mecânica, mesmo quando versões mais modernas, elétricas ou eletrônicas, e computadores emergiram no mercado.
Em vários depoimentos, procuradores (as) e promotores (as) de Justiça entrevistados para o Programa Personalidades do MPRJ que ingressaram na instituição, entre as décadas de 1950 e 1990, reservam ao objeto um lugar especial na memória. Em meio à estrutura física e condições de trabalho precárias, quando muitas vezes não tinham sala, mesa e mesmo uma máquina para trabalharem junto aos cartórios e varas, as máquinas de escrever portáteis, adquiridas com recursos próprios, são chamadas carinhosamente de “fiéis companheiras”.
A máquina de datilografia ocupa um papel importante na história da comunicação e das tecnologias. A primeira patente registrada é atribuída ao inglês Henry Mill (1714), mas foi no fluxo dos avanços e criações tecnológicas durante a “Segunda Revolução Industrial” (1850-1950) que alguns protótipos foram desenvolvidos simultaneamente em diferentes países, inclusive no Brasil. Em 1948, a Remington instalou a primeira fábrica de máquinas de escrever no Rio de Janeiro, sendo acompanhada de outras empresas tornando o produto mais acessível. Contudo, ainda era caro, custando o equivalente aos computadores atuais. Os avanços prosseguiram com a produção de versões portáteis e mais sofisticadas elétricas (1920) e eletrônicas (1957).
Em paralelo, a disseminação dos computadores de uso pessoal (PCs) inventados pela Apple (1976) e os comercializados em larga escala pela IBM (1981) agregando funcionalidades e posteriormente novas tecnologias como a Internet em ampla escala (1995) seguiam desenvolvimento próprio de forma acelerada. Acabaram desse modo, por representar forte concorrência a médio e longo prazo. Godrej and Boyce, na Índia, foi a última fábrica de máquina de escrever a encerrar a produção industrial em 2011.
Mais informações sobre a máquina de escrever e o acervo completo do Dr. Gatti podem ser acessadas pelo link: https://atom.mprj.mp.br/index.php/4-edi-o-a-m-quina-de-escrever-do-dr-luiz-gatti
Preservar a memória da Instituição, assim como difundir informações de caráter histórico, com resgate de documentos e objetos iconográficos, estão entre as atribuições do CDM/MPRJ. A divulgação do acervo é feita pela plataforma ICA-AtoM e pode ser acessado pelo link https://atom.mprj.mp.br/index.php/centro-de-mem-ria-procurador-de-justi-a-jo-o-marcello-de-ara-jo
(Dados coletados diariamente)