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Retrospectiva 2018: MPRJ e SSINTE realizam operação contra policiais que montaram amplo esquema de corrupção
Publicado em Mon Jan 07 18:51:02 GMT 2019 - Atualizado em Mon Jan 07 18:47:17 GMT 2019

Publicado originalmente em 30/08/2018 10:27 
 
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ), e a Subsecretaria de Inteligência (SSINTE) da Secretaria de Estado de Segurança Pública realizaram, nesta quinta-feira (30/08), a segunda fase da Operação Quarto Elemento, contra uma organização criminosa liderada por policiais civis que extorquiam pessoas envolvidas com atividades ilícitas. Até o fim da manhã foram cumpridos 36 dos 46 mandados de prisão contra denunciados por organização criminosa, corrupção, extorsão, concussão e peculato, entre outros crimes. A operação contou com apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), da Corregedoria da Polícia Civil, da Corregedoria da Polícia Militar e da Corregedoria da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP).

Entre os 48 denunciados estão 24 policiais civis, seis policiais militares, dois bombeiros militares, um agente penitenciário e outras 15 pessoas que atuavam como informantes ou ajudantes  dos policiais.  O mais alto escalão, denominado “Administração”, era composto pelo delegado Rodrigo Sebastian Santoro Nunes e seu braço direito Delmo Fernandes Baptista Nunes, chefe do setor de investigações . Outro delegado com papel importante no esquema era Thiago Luis Martins da Silva.

Todos estavam reunidos em torno de um objetivo comum: identificar possíveis infratores da lei, seu potencial econômico e realizar batidas policiais contra eles, sempre com a intenção de flagrá-los cometendo crimes ou irregularidades administrativas. A partir dessa situação, em vez de seguir a lei, os denunciados exigiam uma quantia em dinheiro para que os infratores não fossem presos ou tivessem as mercadorias apreendidas e sofressem os devidos procedimentos legais.  Segundo a denúncia, a organização criminosa fazia graves ameaças e até agredia fisicamente as vítimas. Em certos casos, o grupo denunciado ainda desviava para si os objetos apreendidos com os alvos, para posterior revenda.

Qualquer pessoa que praticava ilícito ou estabelecimento em situação irregular era alvo em potencial do grupo.  Para se ter uma ideia da abrangência, a investigação identificou extorsão contra vendedores de mercadorias piratas, ambulantes, postos de gasolina, bingos, donos de veículos clonados e comerciantes em alguma situação irregular.

Para que o esquema funcionasse, operavam os chamados informantes – pessoas responsáveis por levar aos policiais denunciados dados sobre possíveis alvos envolvidos com ilícitos e que poderiam gerar os atos de extorsão ou concussão e recolhimento de propina. Uma vez identificada à vítima em potencial, o grupo criminoso simulava uma ação policial (o “bote” propriamente dito) para exigir pagamento e deixar de efetuar a devida prisão em flagrante. Esses informantes, em sua maioria não policiais, eram remunerados com parte do valor obtido nas extorsões ou concussões

Os denunciados Rodrigo Santoro e Delmo Fernandes detinham o domínio final de toda ação delituosa e se encarregavam de gerenciar, fiscalizar e receber os lucros financeiros produzidos pelos demais membros da organização.  A atuação de Thiago Luis ocorria quando o “bote” não era acertado no local da abordagem. Nesses casos, o alvo era levado para a delegacia e, por vezes, apresentado ao delegado Thiago Luis, que atuava no convencimento ao pagamento ilegal de propina,  na medida em que dava credibilidade às ameaças feitas pelo grupo no local da abordagem.

O esquema de arrecadação de vantagens ilícitas foi iniciado na 34ª DP (Bangu), e, com eventuais transferências dos policiais envolvidos,  passou a ser praticado na 36ª DP (Santa Cruz) e, posteriormente, na Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA) de Niterói.  A operação desta quinta-feira é um desdobramento da Operação Quarto Elemento, realizada em setembro do ano passado para cumprir seis mandados de prisão, quatro deles contra policiais civis e outros dois contra suspeitos que ‎atuavam como informantes dos agentes.

No fim desta manhã, as autoridades envolvidas na operação concederam entrevista coletiva para a imprensa. Participaram o coordenador do GAECO/MPRJ, Daniel Braz; o promotor de Justiça Michel Zoucas, integrante do GAECO/MPRJ; o superintendente da SSINTE, delegado federal Jaime Candido; o corregedor da Polícia Militar, coronel Marcio Vaz; o corregedor da Polícia Civil, Gilson Emiliano Soares; e o subsecretário de Inteligência da SESEG, Augusto Cezar Naylor.

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