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MPRJ discute a prevenção do suicídio no evento "Setembro Amarelo - Cultive a Vida"
Publicado em Thu Sep 20 15:14:04 GMT 2018 - Atualizado em Thu Sep 20 15:46:23 GMT 2018

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da Ouvidoria/MPRJ e do Instituto de Educação e Pesquisa (IEP/MPRJ), promoveu, na manhã desta quarta-feira (19/09), em atenção ao mês internacional da prevenção ao suicídio, o evento “Setembro Amarelo – Cultive a Vida”. O tema foi abordado em palestras com o jornalista André Trigueiro, autor do livro “Viver é a Melhor Opção”, e com a coordenadora regional do Centro de Valorização da Vida (CVV), Maria das Graças Araújo.

O procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, participou da abertura do evento. Ele destacou que os canais de atendimento da Ouvidoria/MPRJ e encontros como o desta manhã buscam aproximar a instituição da sociedade e reforçar a vocação preventiva de atuação do MPRJl.

“Nós levamos um certo tempo para poder fazer essa transposição, incorporar esse verdadeiro espírito de agente de transformação social outorgado ao Ministério Público pela Constituição de 88. Estamos procurando ter uma atuação preventiva, resolutiva e mais eficiente, deixando de focar tanto nos efeitos e no poder judiciário”, destacou Gussem, antes de traçar um paralelo com o lema do evento: “Um tema como este, “Cultive a Vida”, no âmbito do MPRJ preventivo, no âmbito da nossa Ouvidoria, é de extrema relevância  pois nos permite agir de maneira preventiva em relação a inúmeras situações que chegam ao conhecimento da instituição.”

O ouvidor-geral do MPRJ, José Roberto Paredes, pontuou que a palestra tem também um caráter pedagógico, no sentido de sensibilizar e qualificar as pessoas para lidar com quem demonstra estar em situação frágil. “A temática de prevenção de suicídios é muito cara para nós da Ouvidoria/MPRJ, uma vez que a gente recebe diariamente nas ligações falas muito tocantes, manifestações que às vezes beiram o suicídio. Então nossos atendentes precisam ter essa sensibilidade”, comentou Paredes, ressaltando que a Ouvidoria/MPRJ também promove cursos de capacitação para esse tipo de atendimento.

O diretor do Instituto de Educação e Pesquisas (IEP/MPRJ), Leandro Navega, lembrou que o evento demonstra a abertura do MPRJ para a defesa dos diversos interesses da sociedade. “O doutor Paredes e a doutora Georgea, pela Ouvidoria, conseguiram abrir o MPRJ para alcançar as camadas mais distantes da população, criando um canal de diálogo com a sociedade. Somos uma instituição aberta e a quantidade de eventos da sociedade civil que recebemos aqui é uma demonstração clara de que estamos disponíveis para receber todas as posições ideológicas e defender efetivamente a coletividade”.

A presidente do Conselho Nacional de Ouvidores do Ministério Público, Rita de Cassia  Baptista, falou sobre a importância de se mostrar disponível para escutar: “Dentro desse evento de “cultivar a vida” vejo que há um liame muito grande entre o que a gente faz nas ouvidorias e o que é tratado aqui. No momento em que nós recepcionamos o cidadão, emprestamos o ouvido para ouvi-lo , percebemos muitos problemas que se não fossem escutados poderiam  escalonar para um suicídio”.

Numa palestra inspiradora, Trigueiro explicou que tratar o suicídio como um tabu prejudica o trabalho de prevenção, uma vez que afasta da população informações fundamentais sobre prevenção e tratamento. Para avançar no enfrentamento ao problema, entretanto, frisou que é necessário tratar com responsabilidade e profundidade, evitando abordagens que possam estimular pessoas em situação de fragilidade.  O jornalista listou fatores que podem levar uma pessoa a cometer suicídio, alertou para a necessidade de perceber mudanças comportamentais e insistiu na importância de buscar ajuda.   

“Na área da saúde pública, não se faz prevenção sem informação, e isso vale para o suicídio. Estamos no Setembro Amarelo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reservou, ao longo do mês de setembro, espaço no calendário para uma campanha que precisa ter lugar no sentido de as pessoas compreenderem que suicídio é caso de saúde pública. Que as pessoas precisam conhecer os fatores de risco, comportamentos que podem estar associados a intenção suicida, a necessidade de procurar ajuda, aonde procurar ajuda, quem pode ajudar e os serviços de assistência que prestam voluntariamente esse serviço de apoio emocional e prevenção de suicídio”, apontou Trigueiro.

Para se ter uma ideia da dimensão do problema, os dados da OMS registram mais de 800 mil mortes por suicídio a cada ano no mundo – o equivalente a um a cada 45 segundos.  No Brasil, são aproximadamente 32 óbitos por dia – que coloca o país na sexta posição mundial em números totais.  Diante de um quadro tão preocupante,  fica mais evidente a importância do trabalho da CVV na prevenção. Através de trabalho de 2.5 mil voluntários, a organização atende anualmente cerca de 2 milhões de pessoas. Além dos 105 postos físicos de atendimento, a CVV atende em todo o país gratuitamente no telefone 188.

A coordenadora regional do CVV, Maria das Graças Araújo, explicou que o serviço de apoio emocional oferecido pelo centro foca principalmente em escutar as pessoas, sem qualquer julgamento e evitando até dar conselhos . É o conceito de escuta não diretiva. “O diferencial é a empatia ao próximo e a capacidade de escuta sem julgamento. Só de ser ouvida, a pessoa sente-se confortada, ganha mais um fôlego na vida”, conta Maria das Graças.

Maria das Graças informou que no próximo sábado (22/09), das 8h30 às 17h30, na Uerj, será realizado o programa de seleção de voluntários. Qualquer interessado com mais de 18 anos pode participar.  Os voluntários só precisam ter disponibilidade para trabalhar um dia na semana. Mais informações sobre o trabalho voluntário realizado e sobre como se voluntariar podem ser obtidas no site www.cvv.org.br.

 

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