Notícia
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Publicado originalmente em 25/04/2017
Atualmente, 338 crianças e adolescentes estão disponíveis para adoção no Rio de Janeiro. Desse total, 89 fazem parte do perfil “adoção necessária”, ou seja, crianças e adolescentes de diferentes etnias, com faixa etária mais elevada, com irmãos ou com algum tipo de deficiência física ou mental, dentre outros. Crianças e adolescentes com esse perfil permanecem acolhidos por anos, na expectativa de serem adotados por um dos 37 mil habilitados para adoção pelo Cadastro Nacional de Adoção (CNA).
Para assegurar o direito à convivência familiar e comunitária dessas crianças e adolescentes, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) criou o sistema “Quero uma Família”, que consiste em ferramenta de “busca ativa” por famílias adotivas para crianças e adolescentes que encontram-se em situação de acolhimento, já com determinação judicial para colocação em família substituta.
Na prática, o “Quero uma Família” permite que as pessoas que se habilitaram no CNA, inicialmente, para um perfil mais restrito, conheçam casos de crianças e adolescentes em situação de adotabilidade, com perfis diferenciados, aumentando as chances de meninos e meninas encontrarem uma família.
Foi graças ao sistema “Quero Uma Família” que o casal Américo Nunes Neto e Joseline Moreira da Silva encontrou seu filho. Gabriel Moreira Nunes nasceu com microcefalia e Síndrome de West. Chegou para a família Nunes em outubro de 2016, com oito meses de idade. “Quando a mãe engravida, ela não sabe como é aquela criança que está gerando. Não temos como escolher as características físicas de um filho. A mãe simplesmente ama o filho que vem para ela”, exclamou Joseline, que já pensa em adotar outra criança.
De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 91% dos habilitados para adoção preferem crianças de até 6 anos, mas 92% das crianças disponíveis têm entre 7 e 17 anos; 68% não aceitam adotar irmãos, mas 69% possuem irmãos; 20% dos habilitados só aceitam crianças brancas, mas 68% das crianças são negras ou pardas.
Cadastrado no sistema “Quero Uma Família” e abrigado no UMRS Casa Viva Bangu – abrigo para meninos –, M. F., de 13 anos, aguarda ansioso no abrigo pelo dia em que será adotado. Orgulhoso, ele conta que foi premiado em um concurso de redação. “Fui premiado com uma redação sobre como eu me via com 20 anos idade. Me vejo com a minha família e como fuzileiro naval”, disse o adolescente, que tem cinco irmãos.
"Ao contrário do que ocorria no passado, hoje procuramos habilitados à adoção para as crianças e adolescentes em condições de adotabilidade existentes e não mais crianças e adolescentes que se encaixem nos perfis estritos estabelecidos pelos pretendentes à adoção. Não podemos mais tolerar que crianças e adolescentes passem grande parte da sua infância ou todo o período da adolescência em entidades de acolhimento, sem nunca terem tido a oportunidade de usufruir de uma convivência familiar saudável", destacou o coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça da Infância e Juventude, promotor de Justiça Rodrigo Medina.
Abrigado no UMRS Casa Viva Bangu, C.M.J foi entregue para adoção com 3 meses. Hoje, ele tem 15 anos, algumas medalhas que ganhou como lutador de Kung Fu, boas notas e boa frequência escolar. “Só me falta uma família. Mas eu vou conseguir alguém para me adotar”, disse.
De acordo com o “Quero uma Família”, mais de 50% das crianças e adolescentes que estão no sistema são do sexo masculino, 68% têm idade entre 13 e 18 anos e 57% estão há mais de 4 anos esperando por um novo lar.
O sistema é acessível às pessoas habilitadas à adoção em todo o Brasil. Basta que o pretendente à adoção acesse o site (queroumafamilia.mprj.mp.br), preencha o formulário e anexe os documentos solicitados digitalizados. O “Quero uma Família” permite o acesso a informações básicas das crianças e adolescentes, como o primeiro nome, idade, sexo, se faz parte de grupo de irmãos ou se há alguma condição especial de saúde, caso seja conhecida.
(Dados coletados diariamente)