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O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) teve aceita, nesta sexta-feira (17/03), denúncia contra o delegado Mauricio Demetrio Afonso Alves e outras quatro pessoas, por obstrução de Justiça. Oferecida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ) em dezembro de 2022, a denúncia foi aceita pela 1ª Vara Especializada do Crime Organizado, que expediu novo mandado de prisão contra Demetrio.
De acordo com a denúncia, o delegado, que à época dos fatos (2020) chefiava a Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), ordenou que seus comparsas denunciassem, à Corregedoria de Polícia Civil, uma delegada que investigava o grupo criminoso chefiado por ele, além de ter aberto um inquérito policial para investigar a conduta da policial, com base em elementos falsos.
As investigações demonstraram que, em julho de 2020, após a apreensão de telefones celulares e peças de roupas falsificadas com os denunciados Alex Sandro Gonçalves Simonete e Rodrigo Ramalho Diniz, a delegada Juliana, que chefiava a Delegacia de Polícia de Petrópolis, instaurou inquérito policial para apurar a existência de esquema ilegal de recolhimento de propina para que fosse tolerada a venda, pelo grupo criminoso chefiado por Mauricio, de roupas falsificadas na Rua Teresa.
A partir daí, o grupo iniciou sua ofensiva contra a delegada. Inicialmente, o líder do grupo, Mauricio, de modo a manter oculto o vínculo existente entre os operadores do esquema criminoso em Petrópolis e o núcleo policial da organização na DRCPIM, procurou um advogado sem elos conhecidos com o denunciado Thalles Wildhagen Camargo, seu procurador na investigação aberta contra a organização criminosa, e este o indicou o também denunciado Mauro Marques Ramos, que passou a representar Alex e Rodrigo.
A partir daí, Alex protocolou na Corregedoria de Polícia Civil duas representações contra a delegada, acusando-a dos crimes de tortura e de perseguição, quando foi conduzido até a Delegacia de Petrópolis para prestar depoimento. No mesmo dia, também atendendo aos comandos de Mauricio, Alex e Mauro protocolizaram, na própria DRCPIM, um pedido de informações, não sem antes, novamente, noticiarem falsamente a prática de crimes por parte da delegada.
Com lastro no pedido de informações, Mauricio instaurou um inquérito policial para investigar a prática de crimes de abuso de autoridade e tortura praticados pela colega delegada que teriam ocorrido no bojo da investigação que tinha como alvo, justamente, a organização criminosa existente na própria DRCPIM.
“O denunciado Mauricio manipulou a Polícia Civil, transformando-a em instrumento para a prática de graves delitos. Empregou o cargo público que ocupa, a autoridade da qual foi investida, para atacar ilegalmente colegas. Fez uso, ainda, da Corregedoria da instituição para, de forma covarde e ardilosa, em conluio com advogados e comparsas operadores do esquema de recolhimento de propina, coagir, constranger e desacreditar autoridades e testemunhas”, destaca um dos trechos da denúncia aceita pela Justiça.
Por MPRJ
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